Luz, Câmera, Loção - A Mídia estereotipando a beleza feminina
Diante da grande expansão dos meios de comunicação, e do fácil acesso das pessoas a esses meios, fica cada vez mais evidente a busca do corpo perfeito e da imagem narcisista através do exacerbado consumo de loções, dietas mirabolantes e até de cirurgias plásticas, propagados principalmente pela massificação e ampliação da mídia (padrão apresentado nas novelas, cinema, publicidades das páginas de revistas e outdoors) resultando em novos valores da cultura de consumo, lançando ideias de estilos de vida.
Uma das influenciadoras foi a atriz hollywoodiana Marilyn Monroe, vista nos filmes como um “sex symbol”, ou seja, um símbolo sexual. A partir de então, novos padrões de aparência e beleza foram difundidos na sociedade, estereotipando a beleza natural e particularizada de cada indivíduo. A mulher perfeita passou a ser loira, com cintura fina, extremamente magra, com os olhos claros e marcantes, possuir manequim número 36, e, claro, pesar míseros quilos.
No ano de 2006, a modelo uruguaia Ana Carolina Reston causou um alvoroço no mundo do fashion week. Diagnosticada com transtornos alimentares, Ana Carolina morreu com anorexia nervosa. O mundo da moda e das passarelas possuem inúmeros casos de jovens modelos que sofrem pressões para serem sempre magras, ou melhor, desnutridas. As cantoras pop internacionais Demi Lovato e Kelly Clarkson já passaram por situações parecidas em busca de corpos esculturais, ou fisicamente esquelético, melhor dizendo. No livro Um peso, uma medida. O padrão de beleza feminina apresentado por três revistas brasileiras, a autora apresenta uma ideia relevante:
“O padrão estético de beleza atual, perseguido pelas mulheres, é representado imageticamente pelas modelos esquálidas das passarelas e páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde, mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem à eterna juventude” (BOHM, 2004, p.19).
Segundo a SBCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Brasil é o 3° no ranking de cirurgias plásticas. No ano de 2009 foram realizadas mais de 130 mil cirurgias plásticas em crianças e jovens, um número bastante expressivo para essa evolutiva geração, pois retrata a falta de responsabilidade com o corpo em plena fase de desenvolvimento. Não é uma colocação de que a pessoa não pode ser geneticamente modificada "esteticamente", mas sim, a questão da dilaceração da liberdade do próprio corpo moldar as formas e curvas.
A busca pelo padrão de beleza imposto pela sociedade é, portanto, um risco à saúde corporal e mental do indivíduo. O Brasil possui uma grande diversidade cultural, e essas diversidades devem servir com um estilo de vida diferenciado, sem desrespeitar os limites e fronteiras no corpo em busca da boa forma apresentada pela mídia. Mulheres que sempre lutaram por seus ideias, e que conquistaram o devido e merecido lugar na sociedade, consideradas por muitos como o sexo forte, aparentam hoje como um sexo frágil e dependente de loções, máscaras e peeling. Viva a beleza natural, é hora de tirar a máscara dos próprios olhos.