Dolores e os remédios para dormir
Cartas escritas com certa carga emocional, mas que nunca chegam aos seus destinos. Muitas palavras, emoções e sentimentos que terminam encontradas no lixo. Depressão e suicídio vão sendo narrados por uma voz cheia de impressões de um mundo que não a acolhe, não a protege e não é sustento para seus medos e angústias. Lendo o livro vamos nos deparando com aquilo de oculto que há em nós. Naturalmente vamos refletindo sobre nossas confusões e desatinos. A obra nos permite ficar descalços de tudo o que é tido como o correto, o "padrão".
Fico pensando no quanto somos ignorantes e até indiferentes com a confusão alheia. Quantos de nós vamos mantendo distância daquele ou daquela que traz em sua história desatinos. Assim, vamos deixando pessoas pelo caminho e esquecendo que somos todos imperfeitos, incompletos e necessitados de amparo. No livro temos uma voz que não é ouvida, mas que declama em toda a obra suas necessidades e impressões. "Dolores e os remédios para dormir" é um convite para ler com os olhos do espírito. Senti a obra durante a leitura e fui recordando de situações que me colocaram dúvidas e agonias. É como se lendo o livro eu fosse vendo o sangue vermelho nos pulsos daquela que escreve cartas para amenizar sua dor. Cartas que nunca foram lidas pelos seus destinatários. Já parou para pensar em quantos você deixou de ouvir pelo meio do caminho? Ainda há tempo de ser conforto para alguém que de repente só precisa da sua atenção.