Eu não sou obrigado (a)
Trabalho, escola, cursinho, dieta, academia, futebol, círculo de amigos, casa limpa, encontrar um parceiro, montar uma família, ganhar dinheiro... São tantas atividades que temos que enfiar na rotina que mais parece um monte de roupas que não cabem na mala, e a gente insiste em colocar ali. Com tanto por fazer, nem dá muito tempo para pensar no porquê estamos fazendo e com isso não percebemos o mal de uma rotina que não nos traz felicidade.
Qual é o problema de não passar em um concurso? Ou de não ter uma barriga, uma bunda perfeita? Qual o problema de não querer ter filhos? O problema são os outros, ou melhor, as expectativas que parece que todo o mundo, e até nós mesmos, cria dentro do que pensa ser uma vida perfeita, uma vida "decente". Crescemos entendendo que quando fazemos o que é esperado, somos recompensados, e se fazemos além das expectativas, isso quer dizer que somos melhores. Automaticamente cria-se uma competição dentro de nós, onde nunca alcançamos o objetivo, sempre temos que ser mais.
É isso o que acontece, vivemos tentando melhorar, tentando fazer mais, mais rápido, mais bonito... Mas se tentássemos olhar para o que o nosso interior quer, você saberia definir seus gostos? Saberia admitir que só come salada porque te dizem que não engorda? Se você largasse os estudos ao invés de ser um engenheiro, sem pensar nos outros, você não se sentiria melhor? Ando reparando bastante nisso, e percebi que eu deixei a pessoa que gosta de carinho no cabelo e de batata frita de lado.
Espere aí, mas quem foi que disse que eu sou obrigada a deixar o que eu gosto, o que eu quero fazer apenas porque não parece adequado? Ninguém, ninguém me disse e é realmente por isso: eu não sou obrigado (a). Não tenho obrigação de ter um cabelo de determinado comprimento, de ter determinada profissão, de esconder que gosto muito de uma tatuagem que cobre o braço inteiro, mesmo que a minha família toda deteste. Isso tudo diz respeito a mim, ao que eu quero para a minha vida.
Tudo isso me faz perceber que eu posso sim realizar coisas que me deixam feliz, e que ninguém mais vai cuidar do que eu sinto, eu e apenas eu sei dos meus medos, angústias, curiosidades. Talvez eu não ganhe tanto dinheiro em um emprego diferente, nem tenha um namorado porque falo o que me dá na telha, mas as consequências são resultados de tudo o que a gente faz, e se você não estiver contente com os seus resultados, reúna coragem, mude.
De nada adianta ser o que os outros esperam, tentar sempre ser melhor apenas pela vontade alheia. Você também não precisa ser uma coisa só. Mude, experimente, faça algo inusitado, mas só faça se quiser, faça com vontade e não permita que lhe digam para colocar um sorriso no rosto no seu dia mais fechado. Seja o que quiser ser, se invente, se descubra, tenha tempo para isso.
Apenas comece pensando, com honestidade, em tudo o que o seu eu mais profundo gosta de fazer, o que ele realmente quer... Depois disso, tente perceber tudo o que você faz e que não gosta, e o motivo de fazer. Seja verdadeiro com o seu melhor amigo, com quem está sempre aí... Você mesmo.