A camisa
Eu sempre fui uma colecionadora assídua de camisas xadrez, você sabia disso, e desde que te conheci, sempre quis roubar aquela tua camisa xadrez em tons preto e branco. Você nunca me deixou roubar ela.
No dia em que você partiu, no fatídico dia em que você disse que não estava pronto pra mim ainda, você me deixou a camisa. Aquela camisa foi tudo que me restou de você, por muito tempo dormi abraçada na camisa, imaginando que estava abraçando você. Por muitos dias, usei a camisa freneticamente, como se estivesse com você ainda.
Por um longo tempo eu cheirei a camisa, e chorei ao fazer isso, para sentir o teu perfume e imaginar a tua presença. Até que um dia, o cheiro não estava mais ali, e então finalmente caiu à ficha de que você também não estava mais ali, e não adiantava eu ficar parada esperando pela sua volta, eu devia reagir, e seguir a vida, pois é assim que as coisas funcionam.
A camisa continua comigo, mas agora, ela é como todas as outras camisas, a única diferença é que quando olho para ela, um leve sorriso surge em meu rosto.