Moleskine #2
Causa-me algum desconforto a utilização de um notebook como se fosse um mero bloco de notas que maltratamos e atiramos para cima de uma mesa na primeira oportunidade. No meio do conturbado mundo tecnológico, onde tudo acontece numa fracção de segundo, a escrita ou o desenho de rascunhos impõe alguma ponderação e tempo. Tal, claramente, abranda o turbilhão de ideias do nosso dia-a-dia, permitindo-nos reflectir e tornando mais natural a criação de algo.
Houve tempos em que o meu notebook era um companheiro muito frequente. Nesses tempos idos, a minha vida era praticamente devotada à Fotografia, que tinha como consequência várias horas diárias investidas e alguns rolos como resultado. A forma como vivia esta arte, levava-me muitas vezes a alguns locais onde permanecia por longos períodos a compreender os enquadramentos, as pessoas, a luz e todo um conjunto de variáveis que levava à composição.
Nesse período, aproveitava para fazer um rascunho rápido da cena com o enquadramento ideal e com as sombras perfeitamente adequadas. Muitas vezes, essa cena somente se concretizava semanas, meses depois, no próximo Outono ou na próxima Primavera. Então era assim...