Uma sandes que não é de atum
- Comi hoje uma sandes espantosa! - Conta. - Eh pá tinha montes de coisas... - O quê? - Montes de coisas, pá, coisas bizarras... - Bizarras como? - Coisas que me vinham à cabeça. Os gajos tinham de tudo... - Estás a brincar? - Sério, pá! - Quer dizer que tu pedes qualquer coisa na sandes e os gajos arranjam? - Palavra! - Não brinques comigo... - Se te estou a dizer... - Onde fica isso? - É uma tasca meio escondida. - Leva-me lá que eu peço uma sandes que os gajos ficam à toa... - Hum... Não me parece... Eles arranjam tudo, podes crer. - Vai uma aposta? - Se quiseres... mas não tens hipótese. - É o que vamos ver...
- Cá estamos. Entramos? - Estás com medo ou quê? - Claro que não...
(sentam-se e chamam o empregado)
- O que vão desejar? - Queria uma sandes de orelha de elefante, se faz favor. - Só? - Só.
(o empregado leva o pedido ao balcão)
- Vais ver que eles não têm! - Ele não disse que não tinham, pois não? - Mas vais ver que não têm. - Olha que não. Já te disse que eles têm de tudo! - Olha: lá vem ele. E não traz nada.
(o empregado aproxima-se da mesa)
- Desculpe senhor, mas não podemos satisfazer o seu pedido. - Ah vês? Eu não te dizia? Perdeste... - Não é possível... - Anda, paga! - Não acredito, pá! - Não ouviste o que ele disse? - Espera aí.
(vira-se para o empregado)
- Porque é que não arranjam uma sandes de orelha de elefante para o meu amigo? - Gostaríamos muito, senhor, mas acabou-se-nos o pão grande...
O melhor é pedir sempre uma sandes de atum, especialmente aos sábados.