Massimo Vitali - fotografar multidões
A postura do fotógrafo italiano Massimo Vitali aproxima-se do voyeur. Colocado numa plataforma situada 3 a 4 metros acima do solo ele observa as pessoas à medida que o tempo passa, no seu vai e vem do dia-a-dia. A maioria das suas fotos é obtida em locais de recreio e lazer, captando assim os estranhos e por vezes paranóicos rituais desta sociedade em tempo de férias. Um olhar crítico literalmente sobre um mundo de aparências.
Vitali nasceu em Como, em 1944, e estudou fotografia no London College of Printing. Nos anos 60' encetou uma carreira de fotojornalismo trabalhando para várias revistas italianas e europeias tendo, posteriormente, virado a sua atenção para o cinema e televisão. Somente a partir de meados dos anos 90' se dedicou à fotografia como meio de expressão artística e fê-lo servindo-se dela como uma ferramenta original para retratar o mundo.
O fotógrafo usa uma técnica apurada. Realiza apenas fotografias a cores de grande formato onde é possível ver simultaneamente o pequeno detalhe caricato e o enorme mosaico social policromado, que lembra vagamente algumas pinturas clássicas onde os corpos flutuam numa paisagem idílica. As fotos são neutras, afirma, embora irónicas. Registam o contraste violento entre um ambiente natural, quase sempre de grande beleza, e os corpos, roupas, adereços e actividades humanas próprias dos veraneantes, como se o seu divertimento se fizesse à custa da destruição do seu habitat. Não deixa de ser fascinante.