Escultura e matemática
Arte e Ciência são conceitos antagónicos apenas na aparência. Na verdade encontramos qualidades estéticas ímpares em muitas formas de cariz objectivo, rigoroso, geométrico e matemático. A americana Bathsheba Grossman escolheu o bronze para materializar complexas figuras geométricas tridimensionais. Poderia ser uma aula de matemática.
Mais do que o o produto final é interessante o modo como trabalha. Geralmente baseia as suas esculturas num padrão geométrico que se repete e se entrança em zonas circulares. A figura encontrada obedece invariavelmente a regras de simetria rotacional, o que quer dizer que o objecto tridimensional vai repetindo a sua forma à medida que vai rodando ao longo de um eixo de simetria. As variações possíveis são imensas, para não dizer infinitas.
Em padrões muito elaborados esta característica pode verificar-se em mais do que um eixo de rotação. Quanto mais condições de simetria tiver o objecto mais elegante e depurada é a sua forma, aproximando-se da de sólidos geométricos elementares como o cubo, o tetraedro, o octaedro, o dodecaedro ou o icosaedro. Às vezes as regras são muito simples como, por exemplo, três rotações de 180 graus em cada um dos três eixos coordenados perpendiculares.
No meio disto tudo o mais difícil é visualizar mentalmente o objecto e, sobretudo, encontrar um sistema de representação que permita criar um modelo para servir de molde. Os sistemas de moldagem tradicionais não se adequam pura e simplesmente. Assim, o processo de criação começa com a selecção da matriz modular da escultura. Em alguns casos pode ser feito um modelo rudimentar com plasticina, papel ou palitos. Posteriormente esse esquema básico é desenvolvido no computador com o auxílio de um programa de CAD. É uma operação morosa.
A fase seguinte é a passagem do modelo virtual para o objecto físico. Recorre-se a um processo denominado Impressão 3D (3D printing) que pode ser feito de várias maneiras. A mais comum é a construção do modelo por camadas ou fatias, literalmente, num bloco de cera. A partir daqui entramos já nas técnicas convencionais de moldagem e fundição pelo método conhecido como "cera perdida". A peça fica terminada com a oxidação e polimento das superfícies.