Alison Brady: fotografia e surrealismo
É difícil olhar para as fotografias da americana Alison Brady e ficar impávido. Existe algo de perturbador nas imagens, nas poses, na iluminação, no mistério e na ocultação que lembra vagamente as pinturas surrealistas, algo que nos coloca no papel forçado e incómodo de voyeur. Mas aqui não se trata de pinturas e sim de fotografias de coisas e pessoas bem reais. Este realismo torna-as ainda mais insólitas.
A artista explica que explora temas relacionados com a alienação na cultura ocidental manifesta em distúrbios psicológicos como a depressão ou a ansiedade e mesmo em situações traumáticas. Procura expressar tudo isto em composições exageradas e grotescas onde se misturam o horror, o erotismo, a beleza e o humor. Por vezes surgem contrastes interessantes e evocações simbólicas inusitadas que convocam inadvertidamente imagens do nosso subconsciente.
Não obstante, as fotografias de Brady revelam uma enorme imaginação, criatividade e sentido dramático, conseguindo com parcos meios muito bem geridos criar atmosferas profundamente poéticas e sugestivas. Se Freud fosse vivo certamente veria nestas fotografias excelente material de trabalho...