Sempé e a grandiloquência de um sorriso leve
As gravuras de Sempé são sempre reconhecíveis, não por umas extravagâncias, não por um tracejado inimaginável ou por denúncias políticas incendiárias; os desenhos são logo identificáveis pela leveza dos traços, a suavidade das cores e os temas que levam à contemplação demorada e que extraem pequenos, mas duradouros sorrisos.
Jean Jacques Sempé nasceu no ano de de 1932, em Bordeaux e nunca foi o melhor exemplo de criança portando-se sempre muito mal até que, na adolescência, fora expulso do colégio. Aos 18 anos, seguindo a estrada da não formalidade que iniciara na educação, lançou-se nos mais diversos trabalhos, como o de negociante de vinhos e instrutor numa colônia de férias. Isso ao mesmo tempo que cumpria seu serviços militares em Paris.
Começou a fazer seus primeiros desenhos na década de 50, para jornais da região e revistas pouco expressivas mas, do encontro com René Goscinny, um dos criadores de Asterix, as coisas mudariam um pouco. Juntos, Sempé e Goscinny dariam vida à série Le Petit Nicolas; a história de um menino de sete anos e suas aventuras na escola. Em seguida A Ascenção social do Senhor Lambert seria um dos primeiros romances gráficos já feitos.
As cores “mudas” nos doces cartoons de Sempé viraram, anos depois, colaborações regulares para o Paris-Match, para o The New York Times e para o The New Yorquer; esses grandes veículos ajudariam a proliferar as cenas (algumas absurdas) do cotidiano visto pelo autor, com crianças, animais e amores felizes, outros nem tanto. Assim, entre eufóricos e melancólicos sentimentos, as centenas de milhares de cartoons de Jean Jacques Sempé preenchem os sentidos de sorrisos longos e pensativos.