Os chapéus mais famosos de sempre
É um dos acessórios de moda mais apreciados. Inicialmente fabricados com o objectivo de proteger a cabeça, os chapéus acabaram por se tornar, ao longo dos tempos, um símbolo de poder, um indicador de hierarquias ou tradições culturais e uma marca de identidade para quem os usa.
A história do chapéu não tem apenas décadas ou mesmo séculos. Ela é quase tão antiga como o próprio homem. Foram, de facto, os povos da pré-historia os primeiros a usá-lo, com fins de protecção perante o sol, a chuva ou o frio.
Diz-se que o primeiro chapéu semelhante aos formatos clássicos data ainda do século VI aC. A partir daí e ao longo da evolução e modernização das sociedades, este acessório acabou por ir ganhando outros contornos e significados, e outros formatos. Durante a Antiguidade Clássica, era comum o poder e o prestígio serem demonstrados através de coroas e grinaldas. As primeiras, pertencentes aos monarcas, eram produzidas com ouro, diamantes e pedras preciosas. As segundas, serviam para premiar generais ou atletas pelos bons serviços prestados e pela sua excelência.
Este ideal de riqueza e poder veio juntar-se ao próprio conceito de moda a partir dos séculos XVIII e XIX. A cartola foi nesta época a "rainha" dos chapéus. De cor preta brilhante, copa alta e cilíndrica e aba estreita, era imprescindível aos magnatas e indivíduos da alta-sociedade. O ex-presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, ou o pintor francês Edouard Manet, raramente eram vistos em público sem a sua cartola. Aliás, é difícil imaginar Manet com a cabeça a descoberto: em praticamente todos os seus retratos e auto-pinturas ele fazia questão de pôr a cartola. O Chapeleiro Louco, personagem de Alice in Wonderland, de Lewis Caroll, tem talvez a cartola mais excêntrica e apreciada de toda a literatura. E a diva alemã Marlene Dietrich mostrou que a ala feminina com caractér forte e singular, pode perfeitamente adoptar este tipo de chapéu.
Já no final do século XIX, surge um chapéu-substituto, com menores dimensões: o chamado chapéu-coco. Mais duro, de copa redonda e aba curvada em ambos os lados, passou a ser usado nas ocasiões mais formais logo após a Primeira Guerra Mundial. De feltro de lã ou pêlo e muito popular em Inglaterra até aos anos 60, estava associado aos homens de negócios e elevado poder económico. O tradicional english man popularizou-o, acabando depois por se expandir para o resto da Europa e a todas as classes sociais. Falar em chapéu de coco é (re)lembrar quase de imediato o actor Charlie Chaplin, criador do intemporal Charlot, que, juntamente com o seu bigode, grandes sapatos e uma bengala, se tornou um ícone cultural. O Primeiro-Ministro britânico Winston Churchill era visto nas mais diversas aparições com o seu chapéu, assim como o pintor René Magritte, que também o representou um sem número de vezes nas suas obras.
O chapéu-panamá foi o seguinte modelo que se transformou num verdadeiro objecto de estilo, em inícios do século passado. Feito à mão, com fibras muito finas de palha branca, é de cor clara e pode ter vários formatos. Ficou célebre quando o ex-presidente Theodore Roosevelt se deixou fotografar com um exemplar numa viagem ao canal do Panamá em 1906. Artistas, actores e músicos aderiam em massa. Quem não se recorda dos galãs de cinema Clark Gable e Humphrey Bogart? Os protagonistas de Gone with the wind e Casablanca usaram este adereço não só no seu dia-a-dia, como também nas suas próprias personagens. Mais recentemente, os músicos Tom Jobim, Michael Jackson e Madonna são constantemente associados aos seus panamás.
Também no século passado, por volta dos anos 30, Carmen Miranda ficou conhecida pelo seu talento na música e na sétima arte, além dos seus extravagantes chapéus. A mulher do tutti-fruti inspirava-se nos tabuleiros de fruta e nas flores da Bahia, para o colorido e original formato. É raro vermos Carmen sem o seu chapéu e ainda hoje é associada ao seu acessório favorito.
Che Guevara, o homem mito, idolatrado pelos seus comandos na Revolução Cubana, é a personalidade mais conhecida pelo uso da boina. Aliás é quase impossível separar os dois, já que esta era mesmo uma marca de identidade do guerrilheiro. As boinas foram criadas para substituir os gorros dos militares. Durante a Segunda Guerra Mundial, as suas cores eram diferentes exactamente para os distinguir. Feito de lã e sem abas, foi ainda utilizada por artistas como Auguste Rodin, por exemplo.