Os Festivais de Bregenz: ópera sobre as águas
©Bregenzer Festspiele, Palco de Bastien e Bastienne
O Festival de Bregenz proporciona uma singular experiência artística a público e artistas, envolvendo todos em uma atmosfera única de surpresa e encanto junto a cenários de escala inusitada e, por vezes, assustadora.
Em 1946, sobre duas barcas no Lago Constance, Áustria, realizou-se a encenação de Bastien e Bastienne, uma das primeiras obras de Mozart,. Esta foi a primogênita de muitas óperas que naquele momento iniciavam mais de meio século de festivais.
©Benno Hagleitner, "Um Baile de Máscaras"
©Karl Forster, "Porgy & Bess"
Apenas um ano após o término da segunda guerra mundial, em uma cidade que não possuía sequer um teatro, a idéia de montar um festival pareceu excêntrica, mas a solução inicialmente temporária de escolher a parte mais encantadora da cidade - o lago - como local para encenações artísticas provou e ainda prova ter sido imensamente bem sucedida.
©Benno Hagleitner/VISION fotografie ,"West Side Story"
Já no primeiro ano, os visitantes austríacos, alemães, suíços e franceses, fizeram do festival um dos eventos internacionais de maior importância no que respeita à cultura mundial. Hoje, em um estonteante cenário sobre o lago, grandes diretores já colocaram em cena suas óperas junto à orquestra "caseira", a Sinfônica de Viena.
©Benno Hagleitner,"Tosca panorama 01"
©Bregenzer Festspiele / andereart,"Aida performance"
Vale destacar algumas curiosidades que tornam os Festivais de Bregenz algo único, peculiar e convidativo...
O cenário é montado em plataformas sobre um lago onde a platéia ocupa um semicirculo de alta inclinação – uma espécie de meia-arena, o que permite, além de ótima visão e audição, a forte sensação de envolvimento com as tramas encenadas nos espetáculos.
©Karl Forster, "Carmen"
O apelo plástico de Bregenz também é algo que merece grande destaque. Com proporções que beiram o assustador, as encenações podem contar com diversas plataformas, alturas e ângulos que permitem grande mobilidade à expressão artística em palco, contribuindo para o desenvolvimento da trama, cativando e retendo a atenção do público presente.
©Karl Forster, "Nabuco"
©Karl Forster, "Fidelio"
Hoje, por exemplo, o cenário que está sendo montado apresenta uma cabeça de mais de dezenove toneladas, onde os olhos abrem e fecham em momentos pertinentes da encenação - vejam que interessante: com estréia agendada para 20 de Julho de 2011, o cenário da Ópera de André Chénier foi inspirado na obra de Jacques-Louis David sobre o revolucionário fracês Jean Paul Marat, que em 1793 foi assassinado em sua banheira e, agora, senta-se se no Lago de Constance em Bregenz. Envolvente, não?
Obra de Jacques-Louis David
Cenário atual sendo montado para Julho de 2011
Uma particular coincidência desta ópera está no fato de estrear apenas cinco dias antes da data da morte do personagem principal, André Chénier, em 25 de Julho de 1794. Porém, isto é assunto para outro post, ok?...
Cenário atual sendo montado para Julho de 2011
Cenário atual sendo montado para Julho de 2011
Além dos festivais, é possível que o visitante freqüente durante o decorrer do ano centenas de acontecimentos, como exposições, concertos ou a Primavera de Bregenz (Bregenzer Frühling) - um festival de dança com fama internacional.
Aos interessados, é possível acompanhar as obras, montagens e desmontagens de cenários através da web cam disponível no site, ou ao menos apreciar o local pelo Google Earth, abaixo:
Sinceramente, pensei em programar minhas férias para o meio do ano e pessoalmente presenciar e me entregar ao resgate dos sentimentos da Revolução Francesa e da vida de André Chénier neste espetáculo. Caso eu realmente vá, assumo o compromisso de compartilhar sensações e fotos com os leitores da Obvious, ok?