Quando o cinema segue o passo da dança
Um bom filme sobre dança deve ter três qualidades: um bom roteiro, uma trilha envolvente e atores com carisma. Quando a gente assiste, parece que todos em cena nasceram com aquela desenvoltura, né? Porém, na maioria dos filmes, os atores sequer sabem dançar. Eles aprendem os passos para realizar a coreografia das cenas. E é exatamente isso que impressiona nesse tipo de produção. Porque é aí que conseguimos perceber que qualquer um é capaz de fazer o mesmo: basta treinar.
É muito difícil para o homem não associar som à imagem, e o contrário também é verdadeiro. Desde as tragédias gregas, as narrativas dramáticas se davam com o acompanhamento de sons. E a verdade é que, desde a criação do cinema pelos irmãos Lumière em 1895, o som do cinema sempre foi importante. Tanto que atualmente, existem ótimas produções nesse estilo. São filmes inspiradores, cativantes e que marcaram o cinema.
A junção da imagem com a música, no cinema, veio proporcionar um efeito de mudança de cena a cada sonorização diferente. Porque, na verdade, o cinema nunca foi completamente “mudo”. Desde o começo, os filmes tinham bandas que tocavam ao vivo - o que chamamos hoje de “trilha sonora”. Charles Chaplin e Eisenstein foram dois dos grandes precursores dessa prática que visava transmitir, através da música, todo o sentimento da cena.
Atualmente é raro encontrar filmes que não utilizem música como parte de um todo. Os musicais do cinema são filhos incontestáveis do teatro, também conhecido como “drama de palco”. São filmes onde praticamente todas as oportunidades de falas são transformadas em números em que atores cantam e interpretam. Como, por exemplo, O Fantasma da Ópera, Hairspray, Chicago e Moulin Rouge, que exploraram muito bem o recurso.
Na outra ponta, estão os chamados “filmes de dança”. Diferente dos musicais, aqui as pessoas não cantam. Apenas mostram seus sentimentos mais profundos através de passos elaborados de encher os olhos de ternura, paixão, amor e todos as outras sensações que a dança é capaz de transmitir.
Se observarmos, a grande maioria dos filmes de dança, além do roteiro em si, dão destaque para dois detalhes: uma competição em algum momento do filme, com o êxtase da vitória geralmente guardado para o final; e a cena em que todos, de alguma forma, acabam dançando juntos em uma sincronia invejável.
Hollywood se especializou em fazer filmes desse sub-gênero e praticamente todos são grandes campeões de bilheteria. O Cisne Negro, um dos últimos lançamentos de peso, não me deixa mentir. A lista de grandes produções é extensa, por isso me darei ao luxo de citar apenas aqueles mais consensuais.
1. Grease - Nos tempos da Brilhantina (1978) – Um dos filmes que transformaram John Travolta em sex symbol de uma geração. A história de Danny e Sandy é, basicamente, a típica de um casal que se conhece, se separa e depois acaba por ficar junto. Tudo embalado por muita música e dança.
2. Dirty Dancing - Ritmo Quente (1987) – A história da doce Baby, que se apaixona e aprende a amar e a dançar com o charmoso Johnny, emociona gerações e é um dos maiores clássicos da Sessão da Tarde. A cena final em que dançam “I’ve had the time of my life” é daquelas que a gente nunca esquece.
3. Save the last Dance - No balanço do Amor (2001) – Ao contrário da maioria dos filmes do gênero, este tem uma mistura de ballet clássico e street dance. E também mostra que a dança é capaz de unir os universos mais distintos.
4. Shall We Dance (2004) – Aqui o roteiro nos mostra como a dança é capaz de mudar a vida das pessoas. Richard Gere e Jennifer Lopez nos presenteiam com uma história de amizade embalada pelos passos da deliciosa dança de salão.
5. Black Swann - Cisne Negro (2010) – Em uma de suas melhores atuações, Natalie Portman, que levou o Oscar de melhor atriz, coloca toda sua emoção para interpretar uma personagem obcecada pela busca da perfeição. O filme nos brinda com cenas intensas e grandes espetáculos de ballet clássico.