Cafés, cigarros e todo o resto
Café e cigarro: para alguns, quase indissociáveis; para outros, apenas um break time. Para alguns é onde reside a solidão, emoldurada pela fumaça que os pensamentos atravessam, à deriva enquanto o dia corre. Para outros, é a combinação perfeita para pôr-se a filosofar, sobretudo acompanhado de mentes despreocupadas para debater acerca dos outros e da vida. Acerca da vida dos outros e do mundo.
A série de curtas possui uma mesma proposta: cafés, cigarros e conversas, não tendo pretensão alguma a não ser dialogar conosco acerca das coisas simples. As conversas são pautadas com os mais variados temas, como teorias sobre Elvis Presley, a Paris da década de 20, o prejuízo do cigarro à saúde, pais e filhos, etc.. A proposta funciona bem com a fotografia em preto e branco, proporcionando uma atenção exclusiva aos diálogos.
A película ostenta um elenco genial, para não dizer bizarro - o qual resulta nos mais insólitos encontros e diálogos. Grandes nomes como Roberto Benigni, Steve Buscemi, Iggy Pop, Tom Waits, Cate Blanchett, Alfred Molina e Meg White proporcionam espetaculares interpretações.
O filme pode não agradar quem não está acostumado ao cinema que foge ao padrão hollywoodiano, com uma trama seqüencial. Ou, simplesmente, quem não gosta de bares, cafés e cigarros, nem filosofias. Porque café e cigarros são postos juntos quando estão em cima da mesa duas coisas díspares: solidão ou comunhão. E de ambos os momentos escapam os mais bem intencionados aforismos, pondo à mesa as divagações desacertadas entre os goles e tragos nas pausas das palavras.
O filme demorou 17 anos para ficar pronto. O primeiro curta foi filmado em 1986. Veja o trailer: