Lamborghini Aventador, um touro domando 700 cavalos
"Lamborghini, você pode saber dirigir um trator, mas jamais saberá dirigir um Ferrari!" (tradução livre)
Se Enzo Ferrari pudesse prever as consequências dessa sua resposta à reclamação de Ferruci Lamborghini sobre o sistema de embraiagens da Ferrari, talvez o mundo perdesse uma das mais lendárias disputas da indústria automobilística e teria -- certamente -- menos paixão e beleza. O touro surgiu da determinação em superar o cavalo: "Então criarei os meus próprios carros". A história da Automobili Lamborghini S.p.A. pode ser assim resumida em poucas palavras: as outras não eram boas o suficiente.
A força e potência da nova fera Para substituir o Murciélago, que por 10 anos foi o principal destaque da linha da Lamborghini, o Aventador é um touro que vem com um novo motor V12 de 6.5 litros -- o segundo a ser desenvolvido in casa, na fábrica de Sant'Agata Bolognese -- e doma 700 cavalos de potência. Vai de 0-100Km/h em 2.9 segundos, chegando até a velocidade máxima de 350 km/h, e emite 20% a menos de CO² que seu antecessor.
A leveza e precisão da arte das touradas A carroceria, construída principalmente à base de fibra de carbono e suspensão double wishbone de alumínio, torna o bólide mais leve (1575 kg em comparação aos 1650 kg do Murciélago). Uma das novidades vindas das pistas de corrida: o amortecedor central dianteiro reduz a oscilação, proporcionando mais conforto aos passageiros. Um câmbio automático de sete marchas oferece àquele que ousa enfrentar o Aventador trocas em até 50 milissegundos, seja em um dos três modos manuais ou um dos dois automáticos.
O cântico que surge das arenas Alguns ouvem música no motor dos carros. Há os que ouvem música nos batimentos do coração ao ouvir o ronco dos motores. Mas, independentemente de onde venha a música, o sentimento é avassalador nos dois casos. O Lamborghini Aventador é, acima de tudo, um caso autêntico dessas paixões inexplicáveis. E também autêntico demais para ser unânime - parece-me, aliás, que esse nunca foi o desejo de Ferrucio Lamborghini.
E na incapacidade em explicar esse fascínio - ou será veneração? - por meio do uso das palavras, fico-me pelos suspiros, sem argumentos e justificativas, confiando que entre os apaixonados pela Lamborghini não são necessárias palavras, pois compartilham um mesmo coração taurino.
Com poucos opcionais, a limitada série de produção de 4 mil unidades (o Murciélago teve 4099 unidades produzidas) foi em 2011 para os exclusivos compradores, além de ter tido uma lista de espera para novos pedidos -- afinal, o amor não tem pressa e pode esperar. O touro é assim: belo e selvagem, mas inacessível aos impacientes.
* Artigo escrito a quatro mãos com Bruno Almeida, que jura ouvir música em motores de carros.