La Piel que Habito - Um Almodóvar mais profundo
Falar que é um filme de Almodóvar já deveria dizer muito. Quem não gosta de um, não dará tanta importância aos outros. Eles têm uma marca. Almodóvar é uma marca; é um estilo que consegue unir como poucos todas as artes: a pintura, o teatro e a música. Ele é a convergência desses elementos.
Em "La Piel que Habito", as criações de Louise Bourgeois quase ganham um papel. E Francisco Goya é carinhosamente lembrado. O cineasta espanhol está mais profundo nas questões que costumam motivá-lo. A transexualidade é tratada de forma mais complexa e séria. Almodóvar está mais minimalista em sua forma.
Não é o melhor de seus filmes, mas é, mais uma vez, grande. Baseado num romance de Thierry Jonquet, narra a história de um cirurgião plástico obcecado em criar a pele perfeita. Como toda boa sinopse – que nada conta -, o longa vai muito além disso, mal passando pelo tema da cirurgia plástica em si. Navega entre sobrevivência, poder e hipocrisia.
A Antonio Bandeiras lhe caiu muito bem o papel de aparências de médico de família - ainda melhor quando entra o lado assustador. O clima do filme é aflitivo. Principalmente se a empatia do espectador se sobressair. Bandeiras é um cirurgião informal, frio e distante. Às vezes faz sentir pena, em outras, deixa-se tachar de monstro. É este o seu verdadeiro papel.
“La Piel que Habito” faz você continuar assistindo-o em sua mente. Pensando. E apesar de suas falhas no final, como a inocência de alguém com uma mente tão insana, ele faz você levá-lo para depois de seu fim. São 117 minutos para indagações da essência do que nos faz ser o que somos. E mais o tempo que você precisar para digerir a questão.