De todo meu amor serei atento
Já era tarde. Despretensiosamente os olhos se tocaram. Passou a primeira marcha e começou o trajeto.
Tudo já não era como antes, e a vida passava. Adeus.
E passou a segunda, a terceira e quarta marcha. Já na quinta, chegou.
Atenção. Era isso que faltava. Um pouco de atenção e de alento para os dias vindouros. Amar nunca foi fácil, conhecia pouco do amor, só sabia que se assemelhava com investimentos. Era promissor logo que se via, mas precisava de algo mais para continuar.
Resolveu revirar suas caixas, eram todas amontadas de lembranças e papéis jogados ao vento.
E estava só. E era solidão encarnada.
Logo viu um papel amarelado jogado no canto do quarto. Estava esquecido. E pegou. E leu.
"De todo meu amor serei atento, antes e qual tal zelo..."
Esse era o começo da carta.
Seguramente passou os olhos e viu a assinatura. Era o amor querendo dizer que chegava, posto que nunca partiu e pela primeira vez entendeu aquelas palavras.
E saiu, engatou a primeira e voltou no caminho. Foi enfim, buscar o amor que veio de surpresa, preencher a sua vida.