A arquitetura de Ricardo Legorreta
Ricardo Legorreta recebeu formação académica no curso de Arquitetura pela Universidade Nacional Autônoma do México de 1948 a 1952. Parte de sua formação foi influenciado por personalidades ilustres da arquitetura como o Jose Villagran Garcia, Mathias Goeritz e Luis Barragán. Inaugurou em 1965 o escritório Legorreta Arquitetos. Após sua morte em 2011, o escritório ficou aos cuidados de seu filho, e também arquiteto, Victor Legorreta.
Enquanto colega de profissão, posso dizer que sou apaixonada pelas suas obras, fui apresentada à elas ainda durante a graduação e apesar de estudar por muito tempo suas obras nunca fui capaz de usa-lo como referência. Ricardo Legorreta tem um dom raro de compor com volumes sólidos em cores extremamente fortes e ainda assim conseguir um resultado de tanta sutileza e personalidade que não me sinto capaz de arriscar. Sem falar sobre todos os prêmios recebidos pelo arquiteto mexicano. Por isto, aqui gostaria de falar apenas sobre minhas sensações e conceitos. Se analisarmos alguns de seus edifícios logo podemos destacar alguns outros elementos, de mesma importância, que são marcos de suas obras:
Luz
Com recortes estratégicos, aberturas no teto e a inserção de pátios internos o arquiteto consegue trazer para seus prédios uma presença diferenciada de iluminação natural, que tem seu trajeto direcionado. Essa iluminação que adentra ao edifício de forma pontual e planejada se mistura às cores utilizadas ao redor gerando sensações únicas.
Água
É notável que Legorreta valoriza a presença da água em seus projetos tanto quanto valoriza a luz natural. Espelhos d’água e outras intervenções são comumente encontrados em suas obras. Em suas obras sempre encontramos um espelho d’água ou uma fonte, o barulho da queda, os ares frescos pela presença da água, a cor, o brilho e o contraste do transparente com a solidez dos volumes humanizam e personalizam suas obras. Caminhando por seus prédios você reconhece a união da cidade e da natureza.
Textura e cores
Em seus trabalhos destacam-se as cores. Sempre vibrantes, marcantes e ainda assim com uma incrível capacidade de não cansar o usuário. Não encontramos com frequência volumes destacados por instalação de revestimentos distintos. Legorreta optava com frequência por pinturas com texturas mais robustas e com poucos detalhes ou variação de cores. "A cor não é a essência da minha arquitetura é uma ferramenta que eu uso durante o trajeto; a essência do meu trabalho está nos espaços, são as proporções, essa é a parte fundamental e mais difícil da arquitetura, porque você só sabe se você fez isso depois de ver a obra acabada."
Solidez de volumes
Talvez a volumetria deste mestre pudesse ser considerada pesada demais se não fosse a junção dela com os demais elementos já listados acima, mas o que podemos afirmar é que de forma genial ele soube criar volumes cúbicos e uni-los, proporcionar e criar rasgos pontuais que valorizam o edifício como um todo e não como uma colagem.
“O papel da arquitetura na vida é fazer as pessoas felizes.”