a troça harmônica: compartilhando seu álbum de nova MPB gratuitamente
TVs e rádios mais comerciais (a maioria) não dão espaço para o que não seja vendável e atraia a audiência para seus patrocinadores. Assim, predomina o sertanejo isso ou o arrocha aquilo. Para quem desgosta dos subgêneros musicais ora hegemônicos, a internet tem sido canal privilegiado para artistas de qualquer estilo lançarem seu som.
Se não há gravadora interessada, pode rolar produção independente e depois divulgação e venda online. Cada vez mais artistas disponibilizam seus álbuns gratuitamente e/ou pode-se ouvi-los sem gasto. Spotify, Deezer, Bandcamp, Soundcloud, Youtube são apenas alguns canais onde se consegue/ouve música grátis.
Para nós que vivemos longe de grandes centros e não podemos ir a shows facilita; para artistas longe do eixo Rio-SP, no contexto brasileiro, alarga horizontes estar disponível na internet. Como conhecer o belo álbum homônimo d’A Troça Harmônica se não for pela rede? A estreia em LP pode ser baixada legal e gratuitamente no site do quarteto.
http://www.atrocaharmonica.mus.br/
Chico Limeira, Gustavo Limeira, Regina Limeira e Lucas Dourado estrearam seu som, influenciado por Chico Buarque e o Clube da Esquina, nos palcos de João Pessoa, em 2013. Gravado e mixado na capital paraibana, o álbum A Troça Harmônica saiu ano passado. A boniteza de algumas melodias, as lindas harmonizações vocais aliadas a boas letras honram as citadas influências, que se confluem em Dúvida, onde um trecho diz “não tem governo, nem nunca terá”, parafraseando O Que Será, dueto Chico com Milton Nascimento.
Em um álbum cheio de belas canções, vamos logo para a jugular: Maria Vem, Barbante Prateado e Mel de Sal. A primeira é o nome mais cantado de nosso cancioneiro e é melodia mansa de corda, que vira guitarrinha, mas sempre mansa. Barbante Prateado poderia tranquilamente estrelar em qualquer álbum da fase áurea de qualquer mineiro da esquina; um milagre de cantos, contracantos e palmas. Mel de Sal, além da estupenda metáfora de imaginar o mar como mel de sal, dá vontade de pular ondas jongando e desejando boa sorte aos pescadores.
A Pele vai dar banzo nos oitentistas quando o Roupa Nova ainda não bregueara e gravava delícias como Bem Simples. Não Deixe o Passo Se Quebrar é partido alto e Vertigem da Inocência traz o gosto da tradição do psicodelismo nordestino, na inquieta guitarra, mas que nunca transforma o regionalismo em rock. O momento menos inspirado é a piada de Rapaz Solucionado, com sua instrumentação e letra cômicas. Chistes perdem a graça depois de poucas audições.
https://www.youtube.com/watch?v=hUqfWS26Dfw