Que tal uma “Novena para pecar em paz”?
Terminei a leitura de “Novena para pecar em paz” (Editora Penalux, 2017). São nove contos escritos por mulheres de Brasília. Todos falam de mulheres, suas angústias, dores, lutas e saídas.
Não é panfletário e nem vitimista, mas afirma o feminino em sua potência e ambiguidades existenciais.
O tom é forte! E há muitas surpresas tristes e encantadoras.
Fiquei mergulhado em muitas meditações, por vezes incomodado, tenso e embevecido.
São contos que desalojam nossas convicções, tais como o antipsicótico “Luz Negra” de Beatriz Leal Craveiro, o surpreendente “Destino” de Cinthia Kriemler (que é a organizadora da antologia) e o doloroso e sangrento “Estranha fruta” de Lisa Alves.
Há também o antifálico e trans em “O caule de mogno” de Lívia Milanez, “As duas irmãs” de Maria Amélia Elói (que contraria o senso comum de uma decisão gravíssima), a trágica normose de “Mirna” de Paulliny Gualberto Tort e — nesses tempos extremos onde cresce a direita brucutu — o conto “O bolso do vestido azul” de Rosângela Vieira Rocha é um alerta necessário, uma memória à ser exposta. Ainda tem a promessa de libertação em "Santa Felicidade" de Patrícia Colmenero e o afogador "Manual de mergulho" de Mariana Carpanezzi.
Você ainda não leu?
Leia. Não somente será uma experiência maravilhosa para você, como também poderá ser um belíssimo presente a ser dado para quem precisa assumir a condição feminina e “pecar” em paz.