Três formas de amar
Amor Eros
Assistindo a uma deliciosa palestra do professor Clóvis de Barros Filho, me deparei com três conceitos de amor: Eros, Philia e Ágape. A primeira delas foi proposta por Platão e se refere ao desejo. Desejo é uma falta e amo o que não tenho. Quando consigo, deixo de desejar e consequentemente de amar. É o amor paixão, fogos de artifício.
A segunda definição vem de Aristóteles e é mais animadora. O amor Philia é alegria. É ficar bem com aquilo que se tem. É querer ficar perto de quem já faz parte da nossa vida. Sem o amor Philia os casamentos não se sustentam. Sem o amor Philia também não teríamos amizades de longa data.
Amor Philia
O famoso ensinamento que nos propõe a amar o que temos ao invés de amar o que desejamos é tipicamente aristotélico. Quando ouvimos a expressão amor platônico, imaginamos um amor casto. Na verdade , ele não é exatamente casto. Ele existe porque não foi realizado. Caso o seja deixará de existir. Enfim, pelo conceito de Platão, o amor é sempre impossível. É o amor mostrado nos filmes românticos com final infeliz, em que alguém morre ou precisa partir para o bem do parceiro.
Já o amor Ágape é o proposto por Jesus e é o mais amplo de todos. Ele não é desejo nem alegria. Ele não se volta apenas para quem desejamos nem para os que nos proporcionam alegria. Ele deve se voltar a todos , totalmente desinteressado. É a ajuda que você é capaz de dar a um desconhecido que nunca mais verá. É suportar com paciência quem te aborrece. Este tipo de amor é com certeza o mais amplo, o mais complexo e o mais difícil. É o amor total, com A maiúsculo.
Madre Teresa de Calcutá: grande exemplo de amor Ágape
Mas, talvez, mais importante do que conhecer as três concepções apresentadas acima é compreender que a vida só faz sentido no amor. E quando falo amor, não me refiro unicamente ao amor por um homem ou mulher. Me refiro a tudo. Amor pelo trabalho, pelos amigos, por nós mesmos. Como o professor Clóvis afirmou magistralmente, o que mede o sucesso do nosso dia são os abraços que recebemos e as risadas que demos. Enfim, o que importa é o quanto alegramos e fomos alegrados pelos outros.
Infelizmente, na dinâmica social, principalmente a do mundo corporativo, o que importa é correr atrás de metas sem nunca desfrutar da conquista obtida. O presente nunca é curtido. Nunca se alegra com aquilo que já se tem. Não é à toa, que muitas pessoas que passaram anos dando o melhor de si para empresas, resolvem jogar tudo para o alto e viver de uma maneira mais simples, com menos dinheiro e status e mais alegria.
Como afirmo em sala de aula, não deveria haver tantas delimitações e máscaras para viver. Da mesma forma que se pode fazer filosofia no bar, é possível contar piadas em sala de aula. Se a gente for parar para pensar, não existe de fato tanta diferença entre uma sala de aula e um bar. E por que sair com os amigos apenas às sextas à noite? Por que se sentir leve apenas aos finais de semana? Quando se vive plenamente é possível se sentir com energia sempre e termos muitas happy hours, inclusive dentro de uma sala de aula. E a alegria vivida na sala é levada ao bar. É só uma distinção geográfica. A energia pode ser a mesma!