Os novos (pseudo) intelectuais da era digital
Os ambientes digitais tomaram tal força e proporção que parece ser impossível imaginar a vida sem eles, ao menos para a grande maioria. Experimente sentar-se numa sala de espera qualquer e esquecer o Smartphone ou perceber que não há conexão com a internet. Para nós mulheres, se assemelha àquela sensação de esquecer de colocar um brinco ou o batom antes de sair de casa, para os homens, um braço ou uma perna (sem exageros).
Mas da era digital também emergem monstros - não, não é exagero - sem face e sem escrúpulos que disseminam informações distorcidas da realidade ou até mesmo inverdades completas. A rede permite que essas informações fluam de tal maneira que, mais rápido do que um piscar de olhos, elas se tornam verdades únicas e incontestáveis. E por mais que pareça impossível, existem seres que são piores do que os "monstros", são os que compartilham e defendem veementemente essas informações.
Em sua ingenuidade e soberba formam um exército da ignorância e saem publicando, compartilhando e opinando, fundamentando-se em inverdades absurdas. Usando-se de preconceitos - leia-se conceitos deturpados - são os novos (pseudo)intelectuais da era digital.
Para estas pessoas não há qualquer diferença entre o "opinar sobre algo" e o "apropriar-se de algo", ou ainda, entre "realmente conhecer sobre" e o "ler sobre isso em algum lugar da rede". A democratização dos meios de comunicação, para eles, é sinônimo de falaciar e de se autopromover sem olhar a quem, ou melhor, o quê.
Assim, o Facebook - e outras redes sociais - tornou-se um ambiente de luta de egos, entre o exército da ignorância e o exército da soberba. Discernimento é palavra proibida entre estas pessoas e ser adepto ao meio termo é passível de pena de morte.
Acredito que seja importante ponderar sempre e ir além do que se coloca como única verdade antes de defender uma ideia. As pessoas defendem o feminismo sem saber que muitos de seus argumentos não passam de femismos; defendem a "consciência negra", sem saber que isso é promover ainda mais a segregação; defendem a pena de morte sem nem entender o sistema penal do nosso país; defendem as minorias sem saber usar argumentos que não ofendam as demais pessoas; postam fotos de gente hospitalizada, sangrando e com doenças gravíssimas, sem saber que aquilo apenas irá expô-las e não ajudá-las; postam foto de gente assassinada pedindo justiça, sem saber que estão sendo inescrupulosas e desrespeitosas;
Enfim, faltam argumentos, faltam fundamentos, faltam informações de fontes confiáveis, falta discernimento e pior do que tudo, falta sede de investigação, pois é mais fácil repetir mentiras que amaciam egos e que mais tarde se tornarão verdades de tantas vezes repetidas, do que fazer análises críticas e construtivas que venham a contribuir para uma sociedade melhor e menos preguiçosa.