A loucura completa como cura para as dores
As vezes é preciso ter a coragem de enlouquecer.
SIM, enlouquecer. Sair do comum, do tradicional, do conservador, ir além, transcender, dissociar, perder a lucidez, encarar a loucura para poder então ressurgir melhor, novo, curado.
Até meados da década de 80 homossexualidade era chamada de ISMO (homossexualismo) - termo que foi abolido, "graças a Deus", como doença pela psiquiatria.
Quando você lê a definição de saúde e NORMALIDADE dentro da psiquiatria e da psicologia, tem muito a ver com aquilo que é aceito pela cultura.
E aí, quando lemos Jean Yves Leloup em "NORMOSE", vemos que a cultura é insana, doente, voltada para o consumo e para a morte e isso tudo é NORMAL.
Fumar, beber, matar animais para consumo e roupas, etc. Tudo é "normal".
Normose, a doença do normal.
Então, quem é realmente considerado louco nesta sociedade?
Foucault escreveu "Vigiar e Punir" para nos mostrar os aparelhos controladores do Estado, os que eu cito no começo deste texto.
E nós, no meio de tudo isso, permanecemos infelizes, tentando nos encaixar em formatos doentios, sendo medicados por um sistema adoecedor e muitas vezes permanecemos cegos e alheios a tudo o que está acontecendo...
E depois não entendemos porque estamos tão doentes, debilitados, sozinhos, agarrados ao telefone celular, cegos de sentidos, infelizes, vazios. Nos sentindo sozinhos mesmo acompanhados. Os famosos casais que sentam à mesa e ficam no celular, alienados.
Por isso começo este texto chamando para uma certa "coragem" de romper com modelos.
Quebrar barreiras e conseguir transpor a dor de tudo que te castrou e te fez definhar por todos estes anos.
Que possamos ser nós mesmos e sem medo discordar de regras que matam, "ferem", destróem o ser humano e a sanidade.
Que possamos nos olhar nos espelho e uns para os outros com a coragem e a alegria de conversar e dizer o que se pensa, mas principalmente o que se sente.
Que tenhamos novamente a coragem de sentir.
E sobre sentir, talvez eu aprofunde em outro texto.
Até a próxima.