5 filmes altamente sensíveis para assistir na Netflix em 2020
A pandemia gerou um recolhimento compulsório que conferiu a uma boa parcela da população mais tempo livre, ou pelo menos, mais tempo em casa. Reconfigurar agenda, interesses, pensamentos e sentimentos definitivamente não é tarefa fácil. Nesse sentido o cinema, enquanto sétima arte, alcança uma função que vai além de preencher as horas. Há filmes que são verdadeiras pérolas, capazes de proporcionar insights e criar espaços de compreensão e ressignificação de emoções. Aí vai uma pequena lista de filmes altamente sensíveis, que fogem de clichês e acessam sombra e luz da experiência humana.
O vazio do domingo (La Enfermedad del Domingo - 2018)
Trata-se de um filme espanhol, cinema que tem demonstrado grande força nos últimos tempos. A temática refere-se à relação mãe-filha, mas de uma forma pouco óbvia: abandonada ainda na infância, uma mulher propõe à sua mãe, que não vê há mais de 30 anos, uma temporada juntas. É legítimo mencionar que são atuações absolutamente primorosas, somadas à fotografia da paisagem algo hostil, algo familiar (principalmente composta pelos objetos simples do interior da casa - suas cores, suas locações) e a uma bela música, e que garantem - por si só - uma experiência preciosíssima. É um filme profundo, inusitado, surpreendente, belo e absolutamente artístico.
A Trincheira Infinita (La Trinchera Infinita, 2019)
Esta é uma trama que se desenrola lentamente dentro do contexto histórico da Guerra Civil Espanhola. Um dos grandes méritos do filme é apresentar uma linha do tempo que traz à tona um processo de amadurecimento/envelhecimento de um casal - e dos indivíduos que formam esse par -, jovem, idealista e apaixonado, vítima de circunstâncias que os condenarão ao isolamento e à solidão. Tal linha do tempo consegue nos remeter com familiaridade à passagem do tempo e influência da realidade que abarca a todos, paralelamente, a despeito do pano de fundo. Acompanhar os efeitos de tais imperativos nessa relação traz reflexões profundas.
Palmeiras na Neve (Palmeras en la Nieve, 2015)
Um filme único, muito condizente com a experiência da leitura de um romance. Também um filme espanhol, a trama acontece na Guiné - na época, colônia espanhola na busca pela independência _ , lugar em que Kilian conhece Bisila. Trata-se de um romance impossível, marcado por impasses culturais, mas que alcança uma realização que independe das proibições. É uma história linda, intensa e muito bem contada, que faz valer a pena imensamente as 2 horas e 43 minutos. O longa conta com belos cenários tropicais e uma música que ecoa para além do momento em que sobem os créditos.
O Caderno de Sara (El Cuaderno de Sara, 2018)
O caderno de Sara é um filme que retrata uma aventura, mas também um drama. Acompanhar a protagonista Laura em sua jornada pela África em busca da irmã desaparecida faz acelerar o coração algumas vezes, diante dos perigos de um território congolês em guerra. Mas para além disso, o filme retrata a busca pelo sentido da vida, tocando com delicadeza no tema das relações familiares e da amizade. Um belo filme, que envolve o espectador do início ao fim contendo, porém, fortes cenas de violência que tampouco o poupam.
Mary Shelley (Mary Shelley, 2017)
Muito mais do que remeter à autora de uma obra-prima como Frankenstein, esse filme faz despontar a história de uma mulher forte, talentosa, corajosa, inserida em uma sociedade extremamente machista. A beleza deste longa, que contempla o romance da escritora com o poeta Percy Shelley, mora no processo de transformação por que passa Mary; processo que ocorre simultaneamente ao nascimento de sua obra e de toda a ruína que ela contempla.