Poesia: Expressão da Psique
A poesia se constrói de frases precisas que se fundem e embaralham até formarem imagens e figuras poéticas. As imagens de um poema nos dão a visão metafórica do mundo. As metáforas falam mais aos sentidos e à imaginação do que ao intelecto e à razão.
Esta formação do inconsciente se assemelha à linguagem segundo suas figuras fundamentais: a metáfora e a metonímia. Nos sonhos, chistes, atos falhos, funcionam as mesmas leis estruturais de condensação e deslocamento que são as leis do inconsciente. Estas leis criam o sentido da linguagem.
Através da associação livre de pensamento, não há resistência da censura. Na linguagem dos sonhos, não existem barreiras que guardam a fronteira existente entre o inconsciente e o consciente. Nos sonhos alucinatórios há um impulso para trás e atinge o sistema perceptivo. Esta regressão é uma regressão psicológica que não ocorre apenas nos sonhos, sendo intencionalmente canalizada através do processo poético.
De acordo com a análise do discurso, colocamos o inconsciente estruturado como uma linguagem. Segundo Carl G. Jung, o discurso consciente é lacunar, isto é, sem pontos marcados, enquanto o discurso inconsciente não segue lógica alguma. Ele é criativo e transcendente ao fazer uso da imaginação material que se propõe a pensar a matéria, a sonhar a matéria e materializar em palavras o imaginário.
Mesmo que você feche os ouvidos e as janelas do vestido Minha musa vai cair em tentação Mesmo porque estou falando grego Com sua imaginação Mesmo que você fuja de mim Por labirintos e alçapões Saiba que os poetas como os cegos Podem ver na escuridão. ( Chico Buarque, 1994)