“As palavras não incitam, simplesmente, uma imagem em nossas mentes. Para comprovar a incoerência de tal afirmação, que, aliás, é muito comum, tomemos, como exemplo, o ato banal de dizer: ‘Oi. Tudo bem?’; não é possível que exista uma mera imagem que represente um discurso tão abstrato. Nesse caso a relação entre palavras e imagens não é suficiente para explicar com precisão o que ocorre em nossas mentes em tais situações. Uma explicação, que parece ser mais verossímil, consiste na relação entre palavras e jogos, que são desenvolvidos na nossa mente e são responsáveis por fazer com que interpretemos as palavras. Por exemplo, um simplório ‘Oi, tudo bem?’ irá suscitar alguma situação anterior, onde ouvimos tais palavras; essa experiência anterior, e todas as suas nuances e consequências, virão à tona, na nossa mente, permitindo-nos entender e nos posicionarmos perante tais palavras. Por fim, podemos dizer que as palavras não incitam somente imagens, mas sim situações inteiras, que são desenvolvidas em uma velocidade alucinante, muito além de nossa capacidade de identificar, com precisão, todos os desdobramentos, desenvolvimentos, memórias, responsáveis por nos permitir entender e responder a um mero: ‘Oi; tudo bem?’”