Distopia
Historicamente, o termo “distopia” está associado a um lugar ou estado imaginário em que se vive sob condições de extrema opressão, desespero ou privação.
Também podemos entender a “distopia” a partir de sua antítese: a “utopia”, que significa um lugar ou estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos.
A palavra utopia ficou mundialmente famosa após o lançamento do livro homônimo, lançado por Thomas More, que narra a história de uma sociedade praticamente perfeita.
Peçamos licença a More e imaginemos uma organização social que caminhe no sentido oposto ao de sua utopia; ou seja, a “distopia”.
Nessa sociedade distópica, o mandatário, em vez de colocar em prática uma política de governo eficiente, que beneficie toda a população, prefere ficar atacando os seus adversários e combater uma suposta ameaça comunista.
O ministro da Educação não está preocupado em melhorar o sistema de ensino de seu país, sua atividade favorita é atacar os professores.
Ele também é famoso por seu grande desconhecimento em relação ao idioma pátrio.
Como não poderia deixar de ser, a sociedade distópica se preocupada com a educação sexual de seus jovens.
Para tanto, a principal recomendação, baseada em preceitos religiosos, é a abstinência de relações libidinosas.
Por falar em religião, os templos da religião oficial do Estado são subsidiados pelo governo: estão isentos de pagar tarifas de água e luz.
Na política ambiental, a sociedade distópica possui um direcionamento simples e eficaz.
Se alguma pesquisa científica apontar que aumentou o número de áreas desmatadas em uma determinada formação vegetal, a solução não é tomar medidas que visem à proteção ao meio ambiente, mas despedir quem divulgou tais dados e sugerir que a população evacue dia sim, dia não.
Aliás, o desprezo pelo conhecimento científico é uma das marcas de distopia.
A Terra é plana. A teoria da evolução foi substituída pelo criacionismo. E, para estar bem informado sobre os principais acontecimentos, basta entrar em algum grupo de WhatsApp confiável.
Nessa mesma linha, a história é reescrita, sem “viés ideológico”. Distopia não atravessou uma ditadura militar.
O nazismo é de esquerda. E escravidão de negros não existiu.
Muitos habitantes da sociedade distópica vestiram as cores nacionais e foi às ruas pedir pela perda de direitos sociais e a entrega das riquezas nacionais para povos estrangeiros (considerados culturalmente superiores).
Outros morados de distopia prestam total devoção ao seu “mito” e têm justificativas prontas para todas as ações desse líder (por mais absurdas que elas possam parecer).
Ao contrário da sociedade utópica (praticamente inalcançável), o “êxito” de utopia dependente de um único fator: basta não torcer contra.