Excesso de informação e saúde mental
Ao longo da história, a evolução das diferentes tecnologias alterou significativamente as formas como o ser humano adquire, processa e transmite informações.
Com o surgimento da escrita, a memória humana deixou de ser o único meio de armazenar e levar adiante determinados conhecimentos.
Por volta de 1450, a invenção da prensa móvel permitiu a impressão de livros em larga escala, gerando, entre outros avanços, a alfabetização em massa.
Sobre a importância dessa invenção para nosso desenvolvimento cognitivo, em uma de suas obras, o jornalista Ignacio Ramonet apontou que a quantidade de informações presentes em uma única edição do New York Times é maior do que a que um cidadão da Idade Média receberia ao longo de toda a sua vida.
Cinco séculos após a prensa tipográfica, a humanidade conheceu a internet, última grande inovação técnica que revolucionou nossa história intelectual.
As possibilidades informacionais e comunicacionais da rede mundial de computadores são incomportavelmente maiores do que as apresentadas por qualquer outra invenção anterior.
No entanto, esta enxurrada de estímulos e informações também gera efeitos colaterais, que comprometem a saúde física e mental do indivíduo contemporâneo.
Entre estes males, destaca-se o que o psicólogo David Lewis qualificou como “Síndrome de Fatiga de Informação”, distúrbio causado pelo consumo de informações em excesso, num volume que o cérebro não é capaz de processar.
Além de trazer a sensação de se estar sempre desatualizado, a Síndrome de Fatiga de Informação também pode ser acompanhada de paralisia da capacidade analítica, tensão, irritabilidade, dificuldade de memorização, pânico e ansiedade.
Em 2008, um levantamento produzido pelo Yahoo! apontou que metade dos internautas britânicos sofria de Síndrome de Fatiga de Informação.
Desde então, não foram realizados estudos similares. Porém, é plausível considerar que, atualmente, este percentual seja maior.
Diante dessa sobrecarga informacional, como não sofrer de Síndrome de Fatiga de Informação? Primeiramente, é fundamental saber filtrar os conteúdos com os quais nos deparamos cotidianamente. Isso significa investir na “qualidade” em detrimento da “quantidade” da informação.
Também é importante controlar o tempo de acesso à internet, substituindo os momentos conectados por outras atividades, como caminhadas e prática de exercícios. Portanto, se manter mentalmente saudável no atual contexto, requer, inexoravelmente, viver mais “off-line” e menos “on-line”.