Sobre a política de Barbacena (pior que tá, fica)
Nos últimos cento e poucos anos, Barbacena tem sido dominada politicamente por duas únicas famílias: Bias Fortes e Andrada.
Primeiramente, os clãs em questão estiveram unidos por questões estratégicas. Quando os Andradas chegaram ao município, na segunda metade do século 19, precisavam se aliar a algum grupo político local, no caso, os Bias Fortes.
Após a Revolução de 1930, os rearranjos políticos em âmbito estadual e federal colocaram Bias e Andradas, aparentemente, em campos opostos.
Sendo mais específico, a nomeação feita pelo interventor mineiro (espécie de governador da época) de um prefeito de Barbacena pertencente à família Andrada causou a indignação dos Bias.
De maneira astuta, as duas famílias perceberam que, se alimentassem o mito de uma rivalidade política, poderiam "dividir" o poder local nos bastidores. Melhor ainda: dificultariam a ascensão de outras lideranças. Surgia uma lógica bipolar: ou se é Bias; ou se é Andrada.
Qualquer indivíduo com aspiração política deveria escolher um dos lados (que, na prática, estavam do mesmo lado do espectro ideológico).
Diante desse quadro de dominação, é natural que parte da população se rebele.
No entanto, a ânsia por eleger alguém "nem Bias, nem Andradas" fez com que chegasse a prefeitura um nome que consegue ser pior do que as duas famílias, pois é ligado ao que há de mais retrógrado na política: fundamentalismo religioso e bolsonarismo.
E o pior: "ter livrado Barbacena de Bias e Andradas" (o que é falso) dá ao atual prefeito um álibi forte por suas ações (ou melhor, para sua inércia). Assim, Barbacena corre o risco de ter o pior prefeito da História, "mas pelo menos tiramos Bias e Andradas".
É de praxe: votar no "mal menor", sempre leva ao "mal maior"
Pela popularidade do atual prefeito nas redes sociais, corremos o risco de ter saído de uma oligarquia e ter entrado em uma teocracia. Os "duminions" são a versão barbacenense dos bolsominions.