Entre fibras musculares
Nossa saliva, ácida, por muitas vezes ao invés de apaziguar, reverbera pelo espaço como um chicote de fogo, castigando a carne, abrindo feridas que iriam fechar, fazendo rio do que antes eram córregos de sangue, dor e lamento. Manejamos com imaturidade nossas angústias sem perceber como as rugas marcam em braile nossa história no corpo.
Quando observado por dentro, alguns possuem mais do que carne. É possível encontrar flores entremeio ao emaranhando de espinhos, e até mesmo perfume, quando a espessa fumaça da realidade tenta entupir a veia dos ideais.
Precisamos então escolher não apenas as palavras, mas o tom da narrativa e vislumbrar a tendência de desdobramento e criação de significantes que a mensagem irá gerar. Não podemos ser reféns dos automatismos e tampouco se aconchegar nesta zona de conforto. Devemos nos portar como o andarilho de Nietzsche. Ao invés do destino a caminhada renovada. Ao invés do ponto final, a vírgula, amarrada às reticências.