Gatsby acreditava na luz verde, no futuro orgástico que ano a ano recua a nossa frente.
Carolina Castello
Acadêmica de medicina na UFRJ. Conversas de boteco à filosofia são bem vindas. Adora pessoas interessantes e foge das rasas.
Palavra de ordem: resiliência. Recomeçando sempre, até que se encontre a totalidade.
"Por que foi que cegamos?
Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão.
Queres que te diga o que penso?
Diz!
Penso que não cegamos, penso que estamos cegos. Cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem."
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
(Da Felicidade – Mário Quintana)
"Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas
Atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas."
(Canção do dia de sempre, Mario Quintana)
“Eu sou meu próprio frio que me fecho longe do amor desabitado e líquido, amor em que me amaram, me feriram sete vezes por dia em sete dias de sete vidas de ouro, amor, fonte de eterno frio, minha pena deserta, ao fim de março, amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo, ou se poesia.”
House of Cards é um resumo da capacidade vil do ser humano. É o cenário da baixeza, mas que mesmo assim induz o espectador a torcer pelo anti-herói, para descobrir qual será sua próxima tramóia. É se divertir com o sarcasmo, mesmo sabendo que está errado. É o politicamente incorreto no seu sentido mais literal.
Dos movimentos romancistas aos atuais “tinderianos” a cultura do raso se difundiu ao longo das décadas. Não se vive visceralmente; patriotismo para muitos significa uma camisa de futebol; se a atualização de status de relacionamento não tiver várias curtidas ou comentários, aí é melhor nem começar. E assim vamos vivendo, ouvindo o nada e nos negando a escutar música clássica, impedindo a alma de dançar...