Os olhos amarelos dos crocodilos e a selvageria familiar
Ainda como presente do último Festival Varilux chegou ao Brasil no último mês o filme "Os olhos amarelos dos crocodilos"(Les Yeux jaunes des crocodiles). O filme reúne grandes nomes do cinema frânces em uma produção madura, bem dirigida e com atuações e cenas de tirar o fôlego.
O longa conta a história de duas irmãs: Iris e Joséphine, vividas respectivamente pelas grandes atrizes Emmanuelle Béart e Julie Depardieu. Enquanto a primeira vive uma vida fútil e luxuosa sem grandes preocupações, a segunda é uma pesquisadora de idade média e grande intelectual, porém frágil e sem o devido reconhecimento da sua família.
A relação da família como um todo ganha uma nova perspectiva quando Joséphine é abandonada pelo seu marido. Criando sozinha duas filhas de personalidades completamente diferentes, ela terá que se desdobrar entre casa e trabalho para não ter que recorrer financeiramente a sua família.
Além desse conflito a trama começa a desenrolar e se tornar mais interessante através de uma mentira. Iris, que parece não ser afeita a trabalho, inventa para um famoso editor que está escrevendo um livro sobre idade média. Sem ter como voltar atrás, esta recorre a sua irmã,com a desculpa de ajudá-la em sua difícil fase. O que poderia ser um simples acordo de cavalheiros se torna uma grande questão quando a obra começa a ter uma grande sucesso e alimentar o ego de Iris com fama e prestígio indevidos.
Com uma séria de histórias paralelas a principal o filme escorre pela tela de maneira suave e agradável gerando no espectador um desejo por conhecer o desfecho de cada conflito. Dessa maneira, "Os olhos amarelos dos crocodilos" mostra a que ponto uma família está realmente unida, e por quais razões. Apresenta como membros consaguíneos podem se comportar como verdadeiros carrascos, e como muitas vezes outros laços, que não os familiares, são tão quanto ou mais importantes.
Um filme bonito, engraçado, sincero mas ao mesmo tempo feroz como um crocodilo.