Uma discussão sobre idade
O traço mais simples enquanto matéria. Cria-se a ordenação temporal linear como a base de cálculo e distingue-se através de contagem ordinal positiva quanto tempo de vida o ser tem completado. A linearidade apaga qualquer vestígio de continuidade do espírito, inclusive seu conhecimento. A simplicidade não se configura como real problema, tampouco a linearidade, porque afetam somente o juízo sobre números ordinais: eis onde a problemática instala-se contundentemente.
O padrão numérico selecionado é fixo para algumas considerações: a descritibilidade entre mais novo e mais velho, pois 2 sempre será maior que 1; por conseguinte, fazer a ligação direta entre números, tempo de vida, experiência e conhecimento é comum e feito de maneira direta, sem devidas reflexões.
Esclarece-se imediatamente números com tempo de vida: a cada doze meses completos aumenta-se um dígito numérico na idade. Entretanto, quando os números ligam-se à experiência inicia-se a distinção – inexata e equivocada – de que o ser com mais dígitos vivem mais experiências que outro de menores valores.
Foquemo-nos em experienciação e sua problemática: como se garante que alguém com 20 anos tenha experienciado mais quantidade de experiências do que alguém de 19 anos? Qual a escala que determina níveis superiores ou inferiores entre si? Exatamente: não há modo de determinar e precisar tais informações, por não existir uma variação escalar fixa, nem por haver garantia de que doze meses a mais de vida proporcionem experiências a mais de quem viveu menos.
Por conseguinte, o conhecimento também ganha este traço distintivo entre os números (anos de vida) e quanto se conhece. Estão intimamente interligados. Equivocado em mesma proporção, a problemática equipara-se com a anterior, pois não há mensurabilidade, nem íntima conexão com a ordenação numérica.
Portanto, a desconsideração de que todos – sem exceção – têm a capacidade de transmissão de conhecimento e ensinamentos deturpa a lógica evolutiva das trocas equivalentes do Universo; entretanto, esclarece-se que há considerações muito sutis perpassando a desconsideração do ensinamento amplo, alguns com fins escusos – criação de deméritos -, outros por ignorância de que se é possível ensinar e aprender indistintamente ao número que segue a vida.